Adeus em uma noite de lua
Separar em silêncio, a luz esplende
sem rumor, nem fala. O sentimento
irradia o adeus que falta à lua
cintilam nuvens, águas e cidades.
Doente junto ao lago – saudação à chegada de Lu Yu
Sobre a geada a lua, à tua ida
e hoje retornas na amarga neblina.
Eis-me deitada, enferma, aqui me encontras.
À fala acorre a lágrima, escorre.
Vens, e do vinho de Tao me ofereces
e te devolvo um poema de Xie.
Encher a cara contigo outra vez;
mais do que isso, que posso querer?
Lamento de saudade
Profundo, dizem do mar, suas águas;
tão mais ao fundo chega a saudade.
Mar: à margem cresce a larga praia,
mais longe alcança meu sentimento.
tomo o alaúde, subo as escadas,
só no terraço com a lua cheia
e a esta canção que diz: – estou triste,
toco e arrebento as cordas, as tripas
Li Ye (? – 784). Relativamente pouco é conhecido desta que foi uma das maiores poetisas da Dinastia Tang. Há relatos de seu talento precoce: teria escrito poemas desde a infância, o que motivou ambíguo comentário de seu pai, misto de admiração e temor, de que ela “não cresceria uma mulher respeitável”. Como outras figuras intelectuais femininas de seu tempo (Yu Xuanji, Xue Tao), foi monja taoista, cortesã e poeta afamada. Seus contemporâneos a descreviam como tendo grande beleza, além de caráter agressivo e personalidade marcante. Foi um nome conhecido entre o grupo de poetas do sul da China (Jiang nan, “ao sul do Grande Rio”), por volta de 760-770. Foi condenada e executada por traição, por escrever um poema em homenagem a Zhu Zhi, breve usurpador do trono; levante-se a possibilidade de que tenha feito por coerção. De sua obra poética, apenas dezesseis poemas permanecem encontráveis em antologias da Dinastia Tang.
*TODOS OS DIREITOS RESERVADOS ÀS EDITORAS UNESP E BLOSSOM PRESS
TODOS OS POEMAS FORAM RETIRADOS DE “Antologia da poesia clássica chinesa: Dinastia Tang”.